Acordei hoje pensando no que eu postaria no blog para comemorar o
Dia Internacional da Mulher. A primeira coisa que fiz foi pesquisar na Internet algo que relacionasse as mulheres com os quadrinhos. Alguma homenagem já feita ou algo do tipo. Encontrei algumas charges e algumas matérias feitas em sites especializados.
As charges faziam crítica à hipocrisia da sociedade em relação aos direitos das mulhere
s, as ilustrações só mostravam personagens (geralmente heroínas) em poses sensuais ou quase nuas.
As colegas de gênero que me perdoem, mas Dia Internacional da Mulher me empolga tanto quanto dia do Índio, dia dos Pais, dia das Mães, etc... Se precisamos ter um dia para lembrar das pessoas, suas lutas e seu papel social, a coisa realmente não está bem.
Mas vou aproveitar o foco que é dado a esta data para falar um pouco das mulheres dos quadrinhos. Mas não garanto que vá falar o que todas (ou todos) gostariam de ouvir.
Elas estão lá, há mais de um século, em todos os gêneros, para todas as idades. São sempre carinhosas as nossas heroínas, sempre prontas a se sacrificar e entregar a vida pelos homens e
pelos filhos. São as eternas namoradas e noivas (como a Minie e a Margarida), que dependem da figura masculina para se completar.
As vezes elas se rebelam, mostram maturidade, assumem comando da situação, para depois preferir retornar a seu papel secundário. Às vezes elas salvam o dia, mas sempre parecem estar motivadas em confirmar as expectativas que as outras pessoas tem em relação a elas.
Se pensam em si e não ouvem os homens, são teimosas e egoístas e elas que se preparem: vão pagar um preço alto por isto.
Se são super poderosas, fortes e invencíveis isto não as impede de fraquejar. Acabam quase sempre sendo salvas pelos protagonistas masculinos nas horas mais críticas. Os quadrinhos parecem ser feitos para os homens e elas estão lá apenas para ornamentar, com seus uniformes colantes, peitos e bundas bem definidos.
Quando são vilãs, são megeras impiedosas que seduzem os mocinhos. Pobrezinhos deles, tão puros...
Mas há mulheres e mulheres e nos quadrinhos a gente pode encontrar aquelas que mostram a cara sem medo e se rebelam contra os grilhões do machismo. De mulheres fortes que enfrentam os preconceitos, invadem e se fixam no mundo masculino sem se importar com os rótulos. Nos quadrinhos temos um pouco de tudo e isto me consola em alguns momentos.
Não somos mais só as mulheres dóceis e amorosas ou simplesmente as maldosas vilãs. Estamos sendo um pouco mais que isto. E como na sociedade real, estamos ganhando nosso espaço, apesar da violência e da resistência.
Não se iludam a violência está aí, presente não apenas nos ações, mas principalmente nas palavras. Palavras que nos rebaixam, que nos isolam, que nos humilham e nos fazem pensar que não somos atores sociais capazes de agir e pensar.
E não estou falando apenas de religiões fundamentalistas que oprimem as mulheres. Esta é uma realidade que infelizmente independe de fronteiras culturais. Está espalhada por aí, em todos os círculos sociais, em todos os países. Mulheres são assediadas, exploradas, humilhadas, violentadas e vendidas como escravas sexuais. Nem todas reagem, pois quando se é tratado como coisa acaba-se acreditando que se é uma coisa, um objeto.
Negar a coisificação das mulheres é fechar os olhos para a realidade, assim como tampar os ouvidos para suas reivin
dicações é um crime contra a humanidade.
O mundo não está dividido entre mulheres e homens. O mundo é para as mulheres e os homens. Ao invés de lutar para mostrar quem é o mais forte, por que não unir forças para viver melhor?
Então um feliz e reflexivo Dia Internacional da Mulher e que ele dure mais 364 dias.